Completa simbiose entre a dimensão estética e o teor da narrativa fazem de Learn to Swim uma linda obra sobre a presença fantasmagórica de um amor perdido.
Sentimos a dor e a solidão do protagonista, ao longo do filme, tanto no que tange aos enquadramentos escolhidos - que deslocam o protagonista para os cantos do quadro, reduzindo sua presença em contraposição aos grandes espaços vazios que ocupam ao menos 3/4 do quadro - como no maxilar grotescamente inchado que só de ver sentimos aflição.
Com belíssimas transições entre passado e presente, acompanhamos a jornada do então casal, desde os primeiros beijos até o rompante final, em elipses bem demarcadas que priorizam os afetos na composição da história. As transições que contrastam o passado apaixonado com o presente depressivo nos envolvem de tal forma que, em um determinado momento, passamos a sentir na nossa pele a ausência que o personagem sente.
Já mais pro final da obra, o passado e o presente se misturam, as transições perdem a referência temporal, e o fantasma da mulher amada se torna concreto, seu espectro adquire corporalidade, interage com o ambiente - memória que materializa, no aqui e agora, o ente que, infelizmente, pertence apenas ao passado
Learn to Swim
Canadá - 2021- 1h 30min
Direção: Thyrone Tommy
Roteiristas: Thyrone Tommy e Marni Van Dyk
Avaliação:
****
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