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  • Foto do escritorJoão Marcos Albuquerque

Com 118 Alunos, Concluímos a Edição David Lynch

Foi concluída, no dia 08 de agosto, a 14ª Edição do CineCuti, dedicada a análise da obra de David Lynch. Com a participação de 118 alunos, analisamos o que constitui o termo "lynchiano", ou seja, quais as principais características narrativas, estéticas e formais que atravessam toda a obra do cineasta estadunidense. Abaixo descrevo brevemente o conteúdo das quatro aulas desta edição.


Na 1ª aula dei um panorama da biografia de Lynch, indo da sua infância até a produção de Eraserhead, seu primeiro longa. Mostrei as referências de Lynch no universo da arte (cinema e pintura, especialmente). Pontuei aspectos temáticos e estéticos que se mantêm como constantes da obra Lynchiana: aproximações com o cinema silencioso; características de Cinema B; o embate entre luz e sombras; o noir, o suspense e o cômico; o onirismo etc. Depois, analisamos em detalhes o filme Eraserhead.


A 2ª aula foi dedicada a análise do filme Blue Velvet. Tracei um breve percurso de Eraserhead até Blue Velvet, passando por O Homem Elefante e Duna. Analisamos o filme dedicando especial atenção à construção do onírico na obra, mostrando como, a partir de elementos formais, Lynch cria uma atmosfera dos sonhos. Falamos sobre a jornada prototípica de Jeffrey (protagonista interpretado por Kyle MacLachlan) que adentra a escuridão (mundo do crime, do caos e da perversão sexual) para depois retornar à luz - e como Lynch acredita que essa jornada ao mundo das sombras, do misterioso e obscuro, é essencial para evoluirmos enquanto seres humanos. Apontei os aspectos noir e detetivescos da obra, e que se manterão como uma constante ao longo de toda carreira de Lynch. Falamos sobre a Lynchland, conceito criado por Michel Chion para dar conta das cidades suburbanas dos EUA como retratadas por Lynch - na superfície são calmas e organizadas, belas e gentis, mas ao adentrarmos em suas entranhas (na orelha, no caso de Blue Velvet), mostram toda sua crueldade e selvageria.


Na 3ª aula analisamos a obra-prima Mulholland Drive (Cidade dos Sonhos). Analisamos aspectos da arte conceitual, da estrutura narrativa labiríntica do filme (que Lynch começa a exercer, de fato, com Estrada Perdida), e da característica lúdica da obra, onde Lynch coloca os espectadores para espelharem e compararem a primeira metade do filme com a segunda. Analisei cenas em detalhes do filme para: apresentar a criação do onírico; mostrar as decisões de encenação que tornam Lynch um grande contador de histórias cinematográficas; dissecar as técnicas de montagem utilizadas no filme a fim de salientar o virtuosismo de Lynch; e muito mais.


Na 4ª aula nos detivemos em seu último longa-metragem, Inland Empire. Nesta aula adentramos no conceito narrativo de mise en abyme para pensarmos o filme como uma experiência de queda num abismo interpretativo e estético. Analisamos com atenção as características de metanarratividade, reflexividade e espelhamento da obra, já que Inland Empire é um filme sobre cinema acima de tudo. É neste filme, o mais radical e experimental de Lynch, que ele mais se assemelha à Melies, fazendo magia com a montagem, enquanto cria uma obra extremamente sensorial que imerge o espectador no mundo de sua protagonista, um mundo dilacerado, esquizo e vertiginoso.


A próxima edição do CineCuti já está com as inscrições abertas. Na 15ª edição vamos imergir no Cinema Francês Contemporâneo, analisando em detalhes quatro filmes para destacar o que há de mais representativo e inovador nos movimentos internos do cinema francês atual. Para saber mais e se inscrever, clique aqui.



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